O futebol na cidade de Blumenau começou em 1919 e conseguiu acumular um incrível histórico de vice-campeonatos estaduais. O Brasil FC conquistou os vices de 1927, 1928 e 1932. Em 1933 foi campeão em cima do Figueirense mas teve o título caçado sob acusação de escalação irregular de um jogador. Em 1936, passou a se chamar Recreativo Brasil e ao final da 2ª Guerra, após lei federal, mudou de nome para Palmeiras. O time que vestia verde perdeu as finais do Catarinense em 1947 e 1955. Por outro lado, em 1919 também nascia a Sociedade Desportiva Blumenauense, que em 1949 se transformou em Grêmio Esportivo Olímpico e com o Palmeiras, fez clássicos inesquecíveis na cidade. O time grená conquistou um estadual em seu primeiro ano de disputa com o novo nome, foi campeão catarinense em 1949 e 1964 além de vice em 1970.
Em 1980, o Olímpico já tinha desativado seu futebol profissional mas emprestou suas cores para o nascimento do Blumenau Esporte Clube, fusão entre o Grêmio Esportivo e o Palmeiras incentivada por empresários dispostos a investir alto em nome de maior valorização da cidade, que se destacava como pólo têxtil no Vale do Itajaí.
O BEC, como carinhosamente era chamado por sua torcida, chegou às semifinais do Estadual de 1981 e perdeu para o Avaí a decisão de 1988. Como vice-campeão, participou da primeira edição Copa do Brasil no ano seguinte. Passou pelo Operário de Mato Grosso do Sul e na fase seguinte, enfrentou o Flamengo em Blumenau e no Maracanã.
reportagem da RBS TV mostra um resumo da história do Blumenau Esporte Clube (Arquivo: Dane Souza)
O Tricolor da Alameda ainda participaria com destaque da Série B nacional nos anos que viriam. Foi desclassificado nos pênaltis pelo Criciúma em 1989. Em 1990 foi novamente até a segunda fase e acabou em 12º quando relatos afirmam ter sido absurdamente prejudicado nos confrontos contra o Guarani de Campinas. Disputou ainda a Terceira Divisão (sem muito destaque) em 1992, 1994, 1997 e 1998. Após o rebaixamento no Catarinense deste último ano, o BEC se viu mergulhado em dívidas e perdeu seu patrimônio para o INSS. A torcida ficou sem rumo e a cidade, sem futebol.
Novos clubes eram criados mas não chegavam nem perto de conquistar o carinho que o torcedor tinha pelo BEC. Porém, seis anos após a falência decretada, a justiça autorizou que a Associação Beneficente União do Vale retomasse os projetos e administrasse as dívidas e novas receitas do clube. O Blumenau estava de volta para disputar a série B1 do Catarinense de 2004.
vídeo mostra um breve resumo da última campanha tricolor, na B-1 de 2004 (Arquivo: Dane Souza)
O time fez um excelente primeiro turno, permanecendo bom tempo na liderança e perdendo a invencibilidade apenas no último jogo da 1ª fase, contra o Brusque. Nas semifinais, o time sofreu duas derrotas para o Juventus que tiveram consequencias muito maiores do que a perda da vaga na final. O BEC foi mal no returno e ao fim da competição, o futebol profissional foi definitivamente abortado. Investimento nenhum poderia criar novas expectativas pois as dívidas deixadas pelo clube eram exorbitantes.
O capítulo mais trágico foi quando, em 2007, após tentativa de alguns torcedores em transformar o Estádio Aderbal Ramos da Silva em patrimônio histórico, o novo proprietário, Aílton Borba, demoliu o que restava do BEC e colocou uma pá de cal em cima dos sonhos e das memórias do torcedor de Blumenau.
O clube deixa também uma interessante história em amistosos interestaduais contra consagrados clubes do Rio de Janeiro. Venceu o Flamengo (de Zico, Bebeto e Andrade) por 1x0 no SESI em 1985 e perdeu pelo mesmo placar (para o time de Djalminha) em 1991, no Aderbal Ramos da Silva. O mesmo Bebeto que perdeu para o BEC jogando pelo rubro-negro sofreu também uma derrota de virada quando, junto de Acácio e Sorato, o clube cruz-maltino engoliu um 2x1 no "Deba" para delírio dos torcedores locais. Em 1995 foi a vez de Túlio Maravilha visitar a cidade, ele não conseguiu marcar mas foi a grande atração do Botafogo que venceu o BEC por 2x0. Nada comparável à ilustre presença de Pelé, que no mesmo estádio, ajudou o Santos a massacrar o Olímpico por 8x0 em 1961.
recorte do Jornal de Santa Catarina noticiando a escalação de BEC e Botafogo (Arquivo: Dane Souza)
Hoje, o que restou do clube está entre destroços na Alameda Duque de Caxias (antiga Rua das Palmeiras) e em poder da "BEC Manguaça", torcida organizada que através de seu presidente Maicon Chartouni, já promoveu inúmeros movimentos de resgate à história do clube junto de sua cidade. O Tricolor obtém a glória de mesmo sem existir, ser melhor clube do Vale do Itajaí rankeado na CBF (em 117º com 63 pontos, o adversário mais próximo é o Marcílio Dias, em 122º, com 61...)
O BEC perdeu suas posses mas seu maior patrimônio não pode ser comprado, vendido e muito menos leiloado. Sem clube para torcer há quase 7 anos, os torcedores do Blumenau manterão o clube vivo através dos tempos e não deixarão em nenhum momento que o time fique em segundo plano com qualquer eventual glória que possa vir a ter o Metropolitano.
já no capítulo final, Tino Marcos vem à Blumenau e grava uma reportagem sobre os "Órfãos de Arquibancada" da cidade. Destaque para o BEC e também para o Grêmio Esportivo Olímpico. (crédito: stuartmusic)
parabéns pela matéria se deus quiser nós torcedores do blumenau vamos ver o time retornar aos campos
ResponderExcluiré o sonho de todo amante do futebol que reside ou residiu em Blumenau (e claro, viu o BEC c/ os próprios olhos...)
ResponderExcluirObrigado pelo comentário, Luiz!
e Viva o BEC!!!!
Belissima matéria meus parabéns !!!
ResponderExcluirUma vez BEC ... sempre BEC !!
Amigos do BEC
ResponderExcluirBlumenau só vai voltar a respirar futebol e ter amor a um clube, quando o BEC voltar, e os Amigos do BEC vai brigar até o fim por isso.
obrigado pelo comentário, amigos!!!
ResponderExcluireste não será o único post sobre o BEC...
o tricolor irá sobreviver, nem que seja através de nós!!