sábado, 29 de janeiro de 2011

Parabéns ao JEC - 35 anos

     Amigos da Santa Bola que rola em terras Catarinas, hoje não podemos deixar de prestar uma homenagem a um dos mais jovens e vitoriosos times do futebol local.

     O Joinville Esporte Clube, popularmente chamado de JEC, completa 35 anos no dia de hoje. Nasceu da fusão entre os rivais Caxias e América, dois times da cidade que enfrentavam graves crises durante a década de 70.

     O Tricolor já nasceu vencedor, sendo campeão do primeiro Campeonato Catarinense que disputou. Em dez anos, juntou mais títulos que os 2 clubes que lhe deram origem em 65 anos de história. Passou também a frequentar o cenário nacional, permanecendo na elite do futebol brasileiro entre 1977 e 1986. Possui também o feito inédito de conquistar um octacapeonato regional, entre 1978 e 1985.

     Os anos 90 trouxeram um período inédito onde o clube se viu sem títulos, sem perspectivas e sem participações que merecessem destaque. Mesmo as participações na Série B do Campeonato Brasileiro não resultaram em nada significativo.

alguns jogos do JEC durante a Série B de 1996 (Arquivo: Dane Souza)

     O Clube se viu esperançoso quando em 2004, inaugurou a Arena Joinville como seu novo Estádio. O tradicional Esnestão chegou ainda a ser usado durante a participação na 2ª divisão daquele ano, mas o rebaixamento e o mau desempenho nos anos seguintes fizeram com que a conclusão da obra fosse embargada.

resumo da campanha tricolor em 2004, sua última participação na 2ª Divisão (Arquivo: Dane Souza)

     Após o vergonhoso "rebaixamento" no Catarinense de 2007, a volta por cima está sendo ensaiada para esta nova década. Ficou em 3º lugar no Estadual de 2010 e conseguiu retornar à Série B devido a irregularidades na escalação de seu algoz, o América-AM. Com a contratação do badalado meia Ramón Menezes, o tricolor espera reviver seus dias de glória e no dia de seu aniversário, não poderíamos deixar de parabenizá-los e lhes desejar sucesso. 

     Parabéns pelos 35 anos, JEC!


terça-feira, 25 de janeiro de 2011

In Memoriam: BEC (Blumenau Esporte Clube)

     Existem muitas formas de se maltratar um torcedor. Campanhas inexpressivas, rebaixamentos, goleadas sofridas... frustrações extremamente dolorosas de engolir. Mas nenhuma delas é tão sofrida como a extinção de um clube.

     O futebol na cidade de Blumenau começou em 1919 e conseguiu acumular um incrível histórico de vice-campeonatos estaduais. O Brasil FC conquistou os vices de 1927, 1928 e 1932. Em 1933 foi campeão em cima do Figueirense mas teve o título caçado sob acusação de escalação irregular de um jogador. Em 1936, passou a se chamar Recreativo Brasil e ao final da 2ª Guerra, após lei federal, mudou de nome para Palmeiras. O time que vestia verde perdeu as finais do Catarinense em 1947 e 1955. Por outro lado, em 1919 também nascia a Sociedade Desportiva Blumenauense, que em 1949 se transformou em Grêmio Esportivo Olímpico e com o Palmeiras, fez clássicos inesquecíveis na cidade. O time grená conquistou um estadual em seu primeiro ano de disputa com o novo nome, foi campeão catarinense em 1949 e 1964 além de vice em 1970.

     Em 1980, o Olímpico já tinha desativado seu futebol profissional mas emprestou suas cores para o nascimento do Blumenau Esporte Clube, fusão entre o Grêmio Esportivo e o Palmeiras incentivada por empresários dispostos a investir alto em nome de maior valorização da cidade, que se destacava como  pólo têxtil no Vale do Itajaí.

     O BEC, como carinhosamente era chamado por sua torcida, chegou às semifinais do Estadual de 1981 e perdeu para o Avaí a decisão de 1988. Como vice-campeão, participou da primeira edição Copa do Brasil no ano seguinte. Passou pelo Operário de Mato Grosso do Sul e na fase seguinte, enfrentou o Flamengo em Blumenau e no Maracanã.

reportagem da RBS TV mostra um resumo da história do Blumenau Esporte Clube (Arquivo: Dane Souza)


     O Tricolor da Alameda ainda participaria com destaque da Série B nacional nos anos que viriam. Foi desclassificado nos pênaltis pelo Criciúma em 1989. Em 1990 foi novamente até a segunda fase e acabou em 12º quando relatos afirmam ter sido absurdamente prejudicado nos confrontos contra o Guarani de Campinas. Disputou ainda a Terceira Divisão (sem muito destaque) em 1992, 1994, 1997 e 1998. Após o rebaixamento no Catarinense deste último ano, o BEC se viu mergulhado em dívidas e perdeu seu patrimônio para o INSS. A torcida ficou sem rumo e a cidade, sem futebol.

     Novos clubes eram criados mas não chegavam nem perto de conquistar o carinho que o torcedor tinha pelo BEC. Porém, seis anos após a falência decretada, a justiça autorizou que a Associação Beneficente União do Vale retomasse os projetos e administrasse as dívidas e novas receitas do clube. O Blumenau estava de volta para disputar a série B1 do Catarinense de 2004.


vídeo mostra um breve resumo da última campanha tricolor, na B-1 de 2004 (Arquivo: Dane Souza)


     O time fez um excelente primeiro turno, permanecendo bom tempo na liderança e perdendo a invencibilidade apenas no último jogo da 1ª fase, contra o Brusque. Nas semifinais, o time sofreu duas derrotas para o Juventus que tiveram consequencias muito maiores do que a perda da vaga na final. O BEC foi mal no returno e ao fim da competição, o futebol profissional foi definitivamente abortado. Investimento nenhum poderia criar novas expectativas pois as dívidas deixadas pelo clube eram exorbitantes.

     O capítulo mais trágico foi quando, em 2007, após tentativa de alguns torcedores em transformar o Estádio Aderbal Ramos da Silva em patrimônio histórico, o novo proprietário, Aílton Borba, demoliu o que restava do BEC e colocou uma pá de cal em cima dos sonhos e das memórias do torcedor de Blumenau.

     O clube deixa também uma interessante história em amistosos interestaduais contra consagrados clubes do Rio de Janeiro. Venceu o Flamengo (de Zico, Bebeto e Andrade) por 1x0 no SESI em 1985 e perdeu pelo mesmo placar (para o time de Djalminha) em 1991, no Aderbal Ramos da Silva. O mesmo Bebeto que perdeu para o BEC jogando pelo rubro-negro sofreu também uma derrota de virada quando, junto de Acácio e Sorato, o clube cruz-maltino engoliu um 2x1 no "Deba" para delírio dos torcedores locais. Em 1995 foi a vez de Túlio Maravilha visitar a cidade, ele não conseguiu marcar mas foi a grande atração do Botafogo que venceu o BEC por 2x0. Nada comparável à ilustre presença de Pelé, que no mesmo estádio, ajudou o Santos a massacrar o Olímpico por 8x0 em 1961.

recorte do Jornal de Santa Catarina noticiando a escalação de BEC e Botafogo (Arquivo: Dane Souza)

     Hoje, o que restou do clube está entre destroços na Alameda Duque de Caxias (antiga Rua das Palmeiras) e em poder da "BEC Manguaça", torcida organizada que através de seu presidente Maicon Chartouni, já promoveu inúmeros movimentos de resgate à história do clube junto de sua cidade. O Tricolor obtém a glória de mesmo sem existir, ser melhor clube do Vale do Itajaí rankeado na CBF (em 117º com 63 pontos, o adversário mais próximo é o Marcílio Dias, em 122º, com 61...)
  
     O BEC perdeu suas posses mas seu maior patrimônio não pode ser comprado, vendido e muito menos leiloado. Sem clube para torcer há quase 7 anos, os torcedores do Blumenau manterão o clube vivo através dos tempos e não deixarão em nenhum momento que o time fique em segundo plano com qualquer eventual glória que possa vir a ter o Metropolitano.



já no capítulo final, Tino Marcos vem à Blumenau e grava uma reportagem sobre os "Órfãos de Arquibancada" da cidade. Destaque para o BEC e também para o Grêmio Esportivo Olímpico. (crédito: stuartmusic)

domingo, 23 de janeiro de 2011

O RenaSCimento


     O futebol catarinense vive um momento interessante. Após anos como meros figurantes, resultados em campo e contratações de peso colocam o futebol do estado como aspirante ao protagonismo.

     Depois de muitos desencontros, teremos pela 1ª vez na história dos Campeonatos Brasileiros, Avaí e Figueirense se enfrentando pela 1ª divisão. O Criciúma, na elite até 2004, retornou pra segundona e a Chapecoense, que bateu na trave em 2010, disputa a Série C com grande expectativa.

     Os clubes, não apenas da capital, estão se reforçando com jogadores consagrados. Depois da apostar em Viola no ano passado, o Brusque trouxe o atacante Aloísio Chulapa, campeão mundial pelo São Paulo em 2005. O Joinville fechou 2 anos com o experiente meia Ramon, campeão da Libertadores 99 com o Vasco e até o fim da última temporada, no Vitória. O Imbituba tem Muller, destaque da seleção brasileira nas décadas de 80 e 90, no banco como técnico. Arílson, ex-Grêmio, e Sérgio, eterno reserva de Marcos no Palmeiras, também estão entre os reforços da ex-filial do CFZ.

     O Avaí trouxe de volta o meia Marquinhos e aposta em Rafael Coelho, recente ídolo do rival, como matador de frente. O Figueirense trouxe o rápido Breitner, do Santos, e a "eterna promessa" Lenny, atacante do Palmeiras que começou a carreira no Fluminense.

     O Criciúma não apostou em reforços de peso mas o comando do presidente Antenor Angeloni tem dado resultados satisfatórios. O Tigre voltou para a Série B e começou o Estadual com o pé direito.

     Joinville e Chapecoense estarão na terceira divisão do Brasileirão. O JEC enfrenta uma constante cobrança da imprensa e da torcida local, já o clube do oeste por pouco não subiu no ano passado, deixando escapar o acesso no último jogo classificatório, contra o Ituiutaba.

     Os times do Vale, Metropolitano e Marcílio Dias, contam com o apoio incondicional de suas torcidas mas precisam provar em campo que podem ser competitivos. Idem para o Concórdia.

     São poucas as vagas cedidas pela CBF na Copa do Brasil, Santa Catarina tem apenas duas (ocupadas em 2011 por Avaí e Brusque). O Figueirense, vice-campeão de 2007, fica de fora pelo segundo ano consecutivo...



edição mostra os principais jogadores contratados pelos clubes catarinenses no início de 2011
  
  
   Que os treinadores tomem como exemplo, a fantástica trajetória trilhada pelo Criciúma de Luiz Felipe Scolari há quase 20 anos. O Tricolor da região carbonífera chegou às quartas-de-final da Libertadores da América em 1992, sendo apenas eliminado pelo São Paulo de Telê Santana, que conquistaria o mundo naqueles próximos dois anos.

     Que os craques sejam bem-vindos e que dentro de campo, a santa bola jogue a favor do Estado dentro e fora dos gramados.